O novo Mini Countryman parece aquele filho que saiu do Brasil para uma temporada no exterior e voltou cheio de novidades, com mais conhecimento, com maior consciência ecológica e com muita energia para “vencer na vida”. Pois foi exatamente isso que aconteceu com o Mini Countryman.
A primeira geração do Mini Countryman ganhou passaporte nacional ao ser produzida em Araquari (SC), de 2014 a 2016. O carro inglês com influência alemã era feito também na Áustria, Índia, Malásia e Tailândia. Porém, com a crise econômica do país, o Grupo BMW desistiu de fazer a segunda geração do Mini em terras brasileiras. Além do Brasil, as fábricas da Áustria e da Tailândia também perderam a produção do Mini.
O novo Mini Countryman, de segunda geração, chega propondo uma nova mentalidade. O carro agora é produzido na Holanda, Índia, Indonésia e Malásia. O Countryman que “fala português” vem de Born, cidade holandesa que fica 189 km ao sul de Amsterdã. O carro manteve sua postura descolada, seu design único e sua proposta fun to drive, mas teve seu posicionamento cuidadosamente estudado — por isso, chegou em quatro versões.
Nem todos os potenciais clientes brasileiros estão preparados para entender a nova proposta do Mini Countryman. Aqueles que não aderiram à nova postura perante o meio-ambiente devem ficar na base ou no topo da “escala Mini de prazer ao dirigir”. São as duas versões que utilizam o velho e conhecido motor a combustão interna. Na base, o motor 1.5 turbo de três cilindros em linha que entrega 136 cv, por R$ 199.990. No topo, o nervoso motor 2.0 turbo com o selo de preparação John Cooper Works (JCW), que despeja 306 cavalos nas quatro rodas. Para esse público, o Mini Countryman fala uma linguagem já conhecida, porém está mais elegante.
É nas duas versões intermediárias, o meio da “escala Mini de prazer ao dirigir”, que o Countryman realmente surpreende. Para além do visual modificado, de novos acessórios e novos equipamentos, o Mini traz uma proposta para os chamados early adopters, aqueles consumidores que saem na frente para comprar as novidades que viram tendência e depois febre. São as duas versões híbridas do Mini Countryman. A partir daqui, portanto, vamos falar somente para quem está preparado para este novo mundo do carro eletrificado.
Aliás, são duas versões mais do que híbridas: são híbridas plug-in. Os carros têm nomes confusos, difíceis de memorizar, talvez para dar aquela ostentada básica de quem acabou de voltar de uma temporada de novos conhecimentos na Europa: Mini Cooper S E Countryman All4 Exclusive (por R$ 234.990) e Mini Cooper S E Countryman All4 Top (por R$ 264.990).
Ostente também e chame-os simplesmente de Mini PHEV Exclusive ou Mini PHEV Top. PHEV significa Plug-in Hybrid Electric Vehicle. Apesar da diferença de R$ 30.000, ninguém vai saber se Exclusive é melhor do que Top ou se Top é melhor do que Exclusive. Mas todos vão saber que você tem o único modelo da Mini capaz de rodar somente no modo elétrico e que está se familiarizando com os pontos do comércio que oferecem recarga rápida para uma dose extra de energia durante uma pausa para o café ou para as compras.
Mais: ao deixar ou tirar o carro da garagem de casa você vai gastar apenas 2 minutos de seu tempo para “reabastecer”: 1 minuto para conectar o cabo de energia (que vem com o carro) e depois 1 minuto para desconectar e guardar o cabo. É verdade que o carro levará algumas horas para carregar totalmente a bateria de íons de lítio de 9,6 kWh, mas isso não vai atrapalhar seus afazeres domésticos.
Dirigindo o novo Mini Countryman Plug-in Hybrid
Com a bateria do carro carregada, você tem a possibilidade de rodar até 57 km no trânsito urbano com o novo Mini Countryman PHEV, ou simplesmente Mini Plug-in para os mais íntimos. Mas também é possível deixar o carro no modo híbrido normal, para que ele mesmo decida, conforme sua forma de dirigir, se é melhor usar o sistema elétrico ou o sistema convencional.
O Mini Countryman híbrido plug-in tem dois motores. Um deles é o 1.5 biturbo de 136 cavalos da versão de entrada. O outro é um motor elétrico de 88 cv posicionado na traseira do carro. Quando roda só com o motor 1.5, o Countryman desfruta de 220 Nm de torque. É bastante. Suficiente para uma condução bem ágil na cidade. Quando está no modo 100% elétrico, o torque é de 165 Nm. Também é bom, principalmente porque o motor elétrico não fica entregando o torque a conta-gotas, ou melhor, a conta-giros: você pisa e ele já está totalmente disponível.
É na combinação dos dois motores, entretanto, que o novo Mini Countryman híbrido plug-in é mais apaixonante, pois a potência combinada é de 224 cv e o torque combinado atinge 385 Nm. Para se ter uma ideia, esse torque é exatamente o mesmo de uma picape Ford Ranger 2.2 turbo diesel, que é fabricada para trabalho pesado. Apesar de toda a potência disponível, o Mini Countryman é capaz de fazer 22,3 km/l de gasolina na cidade e 23,6 km/l na estrada. Seu consumo é digno de uma boa consciência ecológica.
O carro que nós avaliamos tinha uma cor que vale ouro no Reino Unido: o Verde British Racing IV. Há mais de 100 anos essa cor é usada para identificar carros britânicos nas pistas de corrida. O ronco do motor dá aquela sensação gostosa de esportividade. Os instrumentos estão mais delicados, todos eles digitais. Como é comum nos Mini, o quadro de instrumentos de 5” se movimenta junto com a barra de direção — para frente ou para trás, para cima ou para baixo. Ele não tem mais a testeira (o que é uma nova moda na indústria automobilística).
O display central continua redondo, de 8,8”, bem como os botões (inclusive o de partida do motor) continuam sendo no estilo usado pelos aviões. É bem prático. O novo Countryman híbrido plug-in traz todas as tecnologias de conectividade disponíveis nos carros da Mini e da BMW. Ah, sim, não tem Android Auto, só Apple CarPlay. Bem, se você não tem um iPhone, não está preparado para ter um Mini Cooper S E Countryman All4 — de tração nas quatro rodas, o que melhora muito a segurança na chuva e, claro, permite algumas pequenas aventuras no barro. Afinal, o Countryman é o “SUV” da Mini.
Mas, com apenas 16,5 cm de vão livre do solo, convém não se empolgar muito. O aspecto “utilitário” do Mini Countryman está mais presente na aparência mesmo. De qualquer forma, o Countryman (cujo nome sugere utilização pelo “homem do campo”, mas também do “compatriota”, inglês, supomos) tem proteção de plástico nas caixas de rodas, barras de teto e ótimo acesso ao porta-malas.
Leva um tempinho para se acostumar (mais ainda para usar) com todas as ferramentas do sistema Mini Connected. Para provar que o carro é inteligente, o Assistente de Mobilidade facilita as atividades diárias do motorista, pois registra os destinos frequentes e vai se integrando ao seu calendário pessoal (pelo iPhone ou pelo Apple Watch), emitindo notificações, se você quiser. Caso necessite encontrar um posto de recarga, é muito fácil encontrar um novo navegador por GPS. O app Mini Connected também tem o assistente pessoal para fazer reservas em restaurantes e hotéis. Mais prático do que isso no trânsito, impossível.
Com suspensão durinha (caso contrário não seria um Mini) e sempre três modos disponíveis (mais firme, mais confortável ou no meio), o Mini Countryman desafia o motorista a buscar novos paradigmas ao volante. Da mesma forma que o sistema de propulsão permite escolher o modo puramente elétrico, o modo híbrido ou o modo convencional, também é possível regular o carro para ficar mais esportivo, mais tranquilão ou no meio-termo. É difícil não achar um modo que lhe agrade.
O carro também é muito confortável. Tem um acabamento impecável, com três revestimentos opcionais. O revestimento do Mini testado era Couro Chester Malt Brown. A pintura do teto fica ao gosto do cliente: pode ser todo preto, todo branco ou na cor da carroceria. Um teste para o bom gosto que certamente vai dizer muito sobre você.
A cor da carroceria é outro desafio, o que torna a própria compra do Mini Countryman uma experiência divertida. O Verde British Racing faz parte da pintura Classic da marca, que traz ainda o Prata Claro, o Preto Midnight e o Vermelho Chili. Prefere cores modernas e tendências atuais? Então escolha uma das opções da pintura Modern: Azul Island, Verde Sage Metálico ou Cinza Thunder. Tem mais — e se não fosse um Mini não estaríamos sequer falando de cores. Na pintura Special há o Preto Enigmatic.
Se acha tudo isso uma bobagem, fique com a pintura Standard, que tem o Cinza Moonwalk, não custa nada e vem com um carimbo de “pessoa careta e muquirana” na sua testa. É uma cor bonita, mas não recomendamos para um carro como o Mini Cooper S E Countryman All4. Finalmente, na questão visual, não podemos deixar de citar o belo contorno de LED nas luzes dianteiras e a Union Jack (bandeira da Grã-Bretanha) estilizada nas lanternas traseiras.
As rodas também são lindas, de 19”, com seis raios duplos e cinco furos, calçadas por pneus Run Flat (roda mesmo furado) medidas 225/50, que não é um perfil muito baixo (dá para rodar bem nas ruas brasileiras). O tanque de gasolina é pequeno (apenas 36 litros) e o porta-malas é um pouco menor do que o das versões de entrada e JCW por causa da bateria, que fica no assoalho do carro. São 405 litros para bagagem, 45 a menos.
Quer saber se o carro é bom de aceleração com o sistema híbrido? Claro que é: vai de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos, uma marca, digamos, quatro estrelas. O motor corta a potência a 6.000 giros. A velocidade máxima é de 197 km/h. A relação peso/potência é de apenas 7,6 kg/cv. Na prática, você pisa e o carro avança com desenvoltura na estrada, apresentando reações rápidas do volante, em posição de dirigir bastante agradável, além de suspensões firmes, com boa estabilidade. A visão do quadro de instrumentos poderia ser melhor, mas a Mini prefere manter o sistema consagrado do quadro de instrumentos preso à coluna de direção.
Finalmente, o novo Mini Countryman PHEV também traz vários recursos eletrônicos dos carros de sua categoria, mas o Park Assist é opcional. Não é um equipamento dispensável, pois o Mini, apesar do nome, é bem grande nessa versão — mede 4,29 m de comprimento e 1,82 m de largura, ou seja, é mais largo do que um Toyota Corolla, embora seja mais curto. Aliás, o carro curto com um bom entre-eixos de 2,67 m proporciona sensações interessantes (e neutras) ao volante, especialmente em curvas. Em outras palavras, depois que foi se reinventar na Europa, o Mini Countryman virou o máximo.
Os números
- Preço: R$ 264.990
- Motor: 1.5 biturbo a gasolina + motor elétrico
- Potência combinada: 224 cv de 4.400 a 6.000 rpm
- Torque combinado: 385 Nm de 100 a 3.900 rpm
- Potência do motor 1.5: 136 cv de 4.400 a 6.000 rpm
- Torque do motor 1.5: 220 Nm de 2.300 a 4.300 rpm
- Potência do motor elétrico: 88 cv a 4.000 rpm
- Torque do motor elétrico: 165 Nm de 100 a 3.900 rpm
- Câmbio: 6 marchas AT
- Comprimento: 4,297 m
- Largura: 1,822 m
- Altura: 1,559 m
- Entre-eixos: 2,670 m
- Vão livre: 165 mm
- Pneus: 225/50 R18
- Peso: 1.715 kg
- Porta-malas: 405 litros
- Tanque: 36 litros
- 0-100 km/h: 6s8
- Velocidade máxima: 197 km/h
- Consumo cidade: 22,3 km/l
- Consumo estrada: 23,6 km/l
- Emissão de CO2: n/d
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