Brasil tem potencial de ser um dos maiores produtores de baterias de carros elétricos

Abundância de reservas de lítio, aliada ao crescimento de fontes renováveis, tornam País promissor para ser o grande centro de produção dos veículos fora da Ásia

Por Adriana Dorante

A matriz elétrica brasileira é a mais renovável do mundo, com a presença de 83% de fontes renováveis contra apenas 24% da matriz mundial. Apesar da fonte hídrica ainda liderar, as fontes solar, eólica e biomassa começam a ganhar cada vez mais espaço na matriz elétrica nacional. Aliado a isso, as novas tecnologias e a digitalização propõem soluções cada vez mais sustentáveis para a eletrificação em vários setores, inclusive no de mobilidade urbana que ainda corresponde a 25% de toda emissão de gás carbônico no planeta, segundo pesquisa do Programa de Mobilidade Elétrica da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na prática, as fontes renováveis, como a solar e a eólica têm papel fundamental no carregamento das baterias para recarga dos veículos elétricos. E no âmbito de armazenamento de energia, Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), avalia que o Brasil e o Mercosul têm um potencial de ser o grande centro de produção de baterias fora da Ásia graças à abundância de reservas de lítio, principal matéria-prima para produzi-las.

No Brasil, o setor automotivo e o elétrico passam por uma transição energética para a mobilidade, com o propósito de construir cidades cada vez mais sustentáveis através dos veículos híbridos e elétricos. No mercado internacional, essa realidade está mais próxima, enquanto no Brasil, o que ganhou mais força foi a micromobilidade – patinetes, bicicletas elétricas, por exemplo.

O tema foi discutido no evento da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) “Iniciativas de eletrificação em mobilidade urbana: comunicar para esclarecer”, realizado no dia 25 de novembro, pelo Youtube com a participação de lideranças do setor.

No entanto, o país tem alguns desafios para essa evolução. O principal deles é a falta de comunicação sobre todos os benefícios da mobilidade elétrica à população, começando pelos impactos na saúde pública, a relação da poluição com a mortalidade, a redução dos ruídos urbanos impactando na saúde mental das pessoas, o papel da micromobilidade e da mobilidade ativa no pós-pandemia, a importância da logística verde e os investimentos no transporte público. “Essa tarefa deve ser feita pela iniciativa privada em conjunto com o poder público”, destaca Maluf.

Para Nelson Silveira, diretor de Comunicação Corporativa e Marca da General Motors no Brasil, a comunicação é um dos grandes desafios. “O consumidor precisa entender melhor essa tecnologia e principalmente desmistificar a ideia de que as pessoas podem ter de que o carro elétrico é um projeto de Ciência”, comentou.

Os grandes players do setor no Brasil já estão preparados para um futuro mais sustentável. De acordo com Marcus de Barros Pinto, superintendente de Comunicação Externa da Neoenergia, a meta da companhia é reduzir em 50% a emissão de gás carbônico até 2030 e neutralizar em 2050, compromisso que grandes empresas vêm assumindo rumo a um planeta sustentável. “Acreditamos que a eletrificação da frota será o futuro da mobilidade veicular rural e urbana”, completou Marcus.

Na avaliação de Maluf, os veículos elétricos começam a ganhar escala em aplicações específicas, desde compartilhamento até a logística, frotas públicas, distribuição de alimentos, concessionárias de rodovias. “A conectividade, digitalização, mobility as a service associados aos carros elétricos e híbridos são as principais tendências do setor elétrico nos próximos cinco anos”, completa.

Enquanto isso, a General Motors anunciou recentemente o lançamento de 30 novos veículos elétricos até 2025, ano em que 40% dos novos lançamentos da marca já serão 100% elétricos, além da nova geração de baterias a menor custo e com maior autonomia avançando de 400 km atuais para 700 km. Segundo o diretor de Comunicação Corporativa e Marca da GM no Brasil, Nelson Silveira a próxima geração de baterias será mais barata. “Nos próximos cinco anos a expectativa é que o carro elétrico tenha um custo similar aos carros convencionais”, estimou.

O Grupo CCR também trabalha para a eletrificação de 100% da sua frota de veículos leves e pesados até 2050. No projeto Rodovias – Jornada para o Amanhã tanto leve quanto pesados também propõe o uso de placas fotovoltaicas de armazenamento para recarregar energia de sua frota. “Já temos o projeto aprovado e orçamento destinado para 2021 para a construção da primeira fazenda de energia solar no rodoanel Oeste de São Paulo. Este é um caminho que não tem volta’, comentou Carlos Costa, gerente de Operações do Grupo CCR.

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