Para muitos pode ser um facto surpreendente, mas o conceito dos automóveis híbridos está longe de ser uma novidade. A ideia é, aliás, tão antiga quanto a do próprio automóvel! Sabia que o primeiro híbrido da história já circulava nas estradas em 1901? Conhecido como “Semper Vivus” (“sempre vivo”, em latim), o Lohner-Porsche “Mixte” é considerado o primeiro carro híbrido funcional da História. Combinava um motor térmico de quatro cilindros com um motor elétrico, debitando uma potência equivalente a 28 CV e atingia os 80 Km/h.

Era uma evolução do Lohner-Porsche Electromobile, que foi apresentado com pompa e circunstância na Exposição Mundial de Paris,  em 1900. É considerado o primeiro veículo elétrico da História, equipado com dois motores elétricos que lhe permitiam alcançar uma velocidade de 37 Km/h. Este modelo, por sua vez, derivou do embrionário Egger-Lohner C.2 Phaeton, que foi verdadeiramente o primeiro ensaio elétrico concebido por Ferdinand Porsche, um par de anos antes, em 1898.

Finalmente, mais de 120 anos depois, o processo de eletrificação dos nossos carros do dia a dia está em marcha e já são poucas as marcas que escapam à tendência. Até porque os híbridos estão a ser cada vez mais vistos como a melhor opção, entre os automóveis de mecânica convencional a combustão interna e os veículos elétricos, porque combinam os dois tipos de propulsão.

Cada marca tem a sua própria tecnologia e podem existir diferenças significativas nos sistemas, dependendo do tipo de hibridação adotado. Paralelo (ambos os motores podem funcionar em simultâneo) ou em série (o motor térmico trabalha apenas para alimentar as baterias), o sistema híbrido plug-in permite que o veículo seja carregado em postos públicos ou na rede doméstica.

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Em alguns casos, o motor elétrico é reservado para as manobras de estacionamento e para a condução a baixa velocidade, desligando-se quando é atingido um determinado limite. Há modelos em que o motor elétrico é acionado em momentos de condução mais exigente, permitindo um débito de potência adicional que melhora a performance do automóvel. Portanto, existem diferentes tipos de veículos híbridos, mas todos funcionam de acordo com o mesmo princípio, combinando duas fontes de energia.

Um híbrido é mais caro?

Os custos operacionais são mais reduzidos. Os híbridos consomem menos combustível do que os carros normais, já que o motor elétrico assegura a tração durante parte do tempo, principalmente quando está parado ou a circular a velocidades mais baixas, e ajuda no resto da viagem. Quando o motor a combustão é acionado, não precisa de trabalhar tanto, pois o carro já está em movimento, o que melhora ainda mais a economia de combustível.

No entanto, os veículos híbridos são razoavelmente mais caros do que os modelos equivalentes com motor a combustão, em parte devido à sua maior complexidade. É que além da tecnologia que já conhecemos nos carros convencionais, cada vez mais suportada por sistemas eletrónicos, os veículos híbridos incorporam motores elétricos, baterias de grande capacidade, transmissões automáticas de última geração, sistemas de refrigeração mais exigentes e unidades de controlo eletrónico que exigem um grande capacidade de processamento de dados.

Quando comparados com os modelos 100% elétricos, verificamos que os híbridos ainda são mais baratos no momento da compra, mesmo no caso dos modelos plug-in. Neste caso, o stress da autonomia também deixa de ser um problema porque os híbridos podem usar o motor de combustão interna para manter as baterias carregadas. Isto também significa que não é preciso esperar, estacionado, pela recarga da bateria, embora tenha essa possibilidade.

Além da redução dos custos operacionais, os híbridos somam ainda algumas vantagens fiscais, conforme a legislação em vigor que ficou conhecida como a Lei da Fiscalidade Verde.  Esta norma estabelece que, na compra de modelos híbridos plug-in, as empresas e empresários em nome individual (ENI’s) beneficiam de uma redução na taxa de tributação autónoma, a qual varia consoante o valor final de aquisição do veículo.

O Código do IRC passou a especificar que a redução das taxas de tributação autónoma dos automóveis híbridos apenas pode ser aplicada aos plug-in, que  podem ser carregados através de ligação à rede elétrica, com uma autonomia mínima de 50 km em modo elétrico e emissões inferiores a 50 gCO2/km. No caso do IRS, para os empresários em nome individual com contabilidade organizada continua a haver redução da taxa de tributação autónoma para qualquer veículo híbrido plug-in, sem especificar autonomia ou emissões.

Desde que o valor de aquisição não exceda os 50.000€, no caso das viaturas híbridas plug-in, pode haver dedução integral do IVA para as empresas e ENI’s. Os híbridos plug-in beneficiam de incentivo direto de redução do Imposto Sobre Veículos (ISV) na sua aquisição, devendo também ser considerada a redução do valor do Imposto Único de Circulação (IUC), por via do menor volume de emissões de CO2. Para efeitos de depreciações fiscalmente aceites, continuam a aplicar-se os limites de 50 000€ de custo de aquisição para veículos híbridos plug-in. Finalmente, também o IVA pago na fatura da eletricidade é integralmente dedutível.

Um híbrido tem menor qualidade?

Não existem diferenças ao nível da qualidade intrínseca das diversas variantes de cada modelo. Os estudos realizados com grupos de consumidores permitem concluir que a qualidade percebida não varia com o tipo de propulsão. Até porque a indústria automóvel segue normas regulamentares extremamente exigentes a todos os níveis, desde o design inicial até à origem e certificação dos materiais selecionados para o fabrico de um modelo que pode ser composto por milhares de peças, entre três e 30 mil.

Além de aumentar o custo inicial, a tecnologia adicional num automóvel híbrido pode também afetar os custos de manutenção que surgem com a utilização. É aqui que a qualidade dos materiais, e de construção, assume protagonismo porque a reparação de avarias no sistema híbrido pode ser dispendiosa, dependendo da gravidade e dos órgãos afetados. Mas é precisamente por isso que os fabricantes oferecem garantias alargadas para as componentes híbridas, incluindo as baterias, com prazos de cobertura que podem chegar aos oito anos.

Depois, ao circular em modo elétrico, não há emissões nocivas a sair dos tubos de escape, o que torna os híbridos especialmente adequados em áreas densamente povoadas. O motor elétrico fornece energia extra, aumentando a potência e o binário para melhorar as acelerações. A condução é mais suave e silenciosa porque os motores elétricos não produzem ruído, o que em muito contribui para a melhoria do conforto. Em conjunto, estas vantagens também fazem aumentar a sensação de qualidade percebida pelos utilizadores.

É possível conduzir o SEAT Leon e-HYBRID sem produzir quaisquer emissões ao longo de 64 km (WLTP), partindo com a bateria totalmente carregada. A tecnologia Plug-in e-HYBRID faz com que, depois de arrancar em modo totalmente elétrico, o motor a gasolina só arranca quando a carga da bateria baixa para níveis críticos ou quando a velocidade supera os 140 km/h. Graças aos diferentes modos de gestão do sistema híbrido, o condutor pode controlar o nível de carga da bateria, aumentando graças ao modo híbrido regenerativo ou utilizando a função e-Mode que melhora a eficiência do veículo.

Com uma potência combinada de 204CV e caixa automática DSG de 6 velocidades, o SEAT Leon 1.4  e-HYBRID FR inclui, de série, o painel de instrumentos digital, iluminação totalmente LED, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sistema de navegação Plus de 10” com conectividade Full Link e SEAT CONNECT. Com esta aplicação móvel é possível aceder aos dados do veículo, gerir o processo de carga da bateria e programar a temperatura desejada no interior do automóvel. O sistema também realiza automaticamente chamadas de emergência, incluindo um botão interior, que estabelece a ligação e envia os dados do automóvel, bem como da localização em caso de avaria ou acidente.

Os veículos híbridos são mais caros e têm menor qualidade?

Como vem sendo habitual, quisemos saber a opinião dos leitores do Observador sobre o tema e, de acordo com os resultados das sondagens realizadas nas redes sociais, entre os dias 26 e 30 de julho, no Facebook foi registado um alcance de 12.221 utilizadores, 504 reações e 231 votos, dos quais 47% escolheram a resposta “Mito” e 53% votaram na resposta “Verdade”.

Ilustração: Hugo Haga

Quanto ao Instagram, 1527 pessoas concluíram que “Sim, são mais caros e têm menor qualidade” e 2260 escolheram a resposta “Não, não são mais caros e têm a mesma qualidade”, numa publicação que alcançou 48.914 visualizações e um número total de 3787 votos.

Este artigo comprova que a resposta à questão “Os veículos híbridos são mais caros e têm menor qualidade?” é a de que é um mito, pois os automóveis híbridos plug-in (PHEV) representam, nesta fase de evolução do mercado, a solução de transição mais equilibrada. Com uma relação preço/qualidade bastante equilibrada, estas variantes configuram o melhor de dois mundos, na galáxia dos propulsores. A autonomia proporcionada pelo motor elétrico é suficiente para percorrer a distância média dos percursos diários casa/trabalho, contando sempre com o motor a combustão para assegurar uma deslocação mais longa sem tempos de espera.

Para clientes empresariais e gestoras de frotas, os automóveis híbridos plug-in representam a solução mais racional, aliás favorecida pelos benefícios fiscais em vigor. Mas estas versões também são muito interessantes para os consumidores particulares, sobretudo nos casos em que os trajetos diários permitam a utilização do carro em modo elétrico durante a maior parte do tempo.



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