O novo Renault 100% elétrico começou por ser anunciado como
Twingo Z.E., mas o departamento de marketing da Renault decidiu mudar-lhe o
nome ainda antes de chegar ao mercado. Agora é, simplesmente, Twingo Eletric,
embora as insígnias ZE marquem presença em vários elementos, tanto no exterior
como no interior.

Como referimos aquando da apresentação internacional, em
termos de design exterior, o Twingo Eletric é praticamente idêntico às versões
com motor de combustão, diferenciando-se pelas insígnias ZE e por alguns
elementos a azul na grelha, no friso lateral e nas jantes. O mesmo se pode
dizer do interior, onde apenas alguns elementos típicos dos elétricos fazem a
diferença. A cor de parte do tablier pode ser personalizada no ato de
encomenda.

Bateria feita para durar

O motor elétrico, com a denominação R80, foi desenvolvido com base no motor criado para o ZOE. Na verdade, é o ‘mesmo’ motor do ZOE, mas com um conjunto rotor/estator mais pequeno. Tem uma potência de 60 kW (82 cavalos) e um binário de 160 Nm.

A bateria tem 22 kWh de capacidade e produzida com células
da LG. Curiosamente, esta será a primeira bateria num Renault elétrico com
refrigeração líquida, uma arquitetura que, em teoria, permitirá uma maior
longevidade porque garante uma temperatura de funcionamento mais estável em
condições de utilização mais exigentes (por exemplo, temperatura ambiente mais
elevada e carregamentos e descarregamentos rápidos). A autonomia certificada
WLTP é um pouco superior à que foi inicialmente anunciada, chegando aos 190 km
no ciclo WLTP (270 km em cidades).

O Twingo Z.E. vem equipado um carregador interno AC
(corrente alternada) capaz de suportar, como acontece com o novo ZOE, potências
de carregamento até 22 kW. O que permitirá recuperar cerca de 150 km de
autonomia em meia hora de carregamento. Uma opção que faz todo o sentido para
um carro mais pensado para uma utilização urbana, já que os Postos de
Carregamento Normal (PCN) da rede pública têm vindo a ser atualizados para
suportarem exatamente esta potência máxima. Recorde-se que muitos carros
elétricos atualmente comercializados estão limitados a cerca de 7 kW em
carregamentos AC. Como seria de espera, o Twingo Eletric não suporta
carregamentos rápidos em corrente contínua (DC), apresentado apenas uma porta
de carregamento Type 2 (o padrão europeu para o carregamento em AC).

No que à tecnologia diz respeito, destaque para o Easy
Connect, que permite acesso remoto ao carro, através da app My Renault, para
gerir e planear viagens, incluindo a identificação dos carregadores
disponíveis. O ecrã central tátil de 7 polegadas inclui suporte para Apple
CarPlay e Android Auto.

Primeiras impressões

Fizemos cerca de 80 km ao volante do Twingo Eletric, incluindo alguma autoestrada, passagem pelo centro de Lisboa e estradas suburbanas. O carro revelou-se mais confortável do que esperávamos, considerando que este Twingo é um irmão, quase gémeo, do Smart ForFour EQ. Relativamente ao Smart, o Twingo pareceu-nos menos ruidoso no interior e com uma suspensão mais afinada para o conforto. O que penaliza um pouco quando andamos depressa fora das cidades, já que se sente algum oscilar nas curvas – nos elétricos é pouco habitual graças ao centro de gravidade baixo. Mas nada de realmente penalizador e parece-nos a opção correta já que o Twingo é, claramente, um carro para circulação urbana.

Na cidade, este Twingo está ‘como peixe na água’. O raio de
viragem inferior a 5 metros, a dimensão compacta e a boa visibilidade para todos
os lados tornam este carro muito manobrável e fácil de conduzir em espaços
apertados. A reatividade rápida do binário constante e a ausência de escalonamentos
ajudam muito nas pequenas corridas urbanas, como seja arrancar rápido num
semáforo ou conseguir o lugar certo para mudar de faixa de rodagem. E, é claro,
tornam a condução muito mais confortável. Uma hora de pára-arranca num elétrico
é muito mais suportável do que num veículo de combustão, ainda mais se for de
caixa manual. Atenção que o Twingo Eletric está longe de oferecer o ‘disparo’
de outros elétricos – até tem um acelerador que se pode considerar um pouco ‘elástico’
– mas, comparando com outros citadinos compactos a gasolina, quase parece um
desportivo.

Por falar em caixa, apesar de não existir, há um punho seletor
onde podemos escolher um de três níveis de regeneração, ou se diminuir ou
aumentar a desaceleração imposta pelo motor quando levantamos o pé do acelerador,
o que transforma a energia cinética do movimento energia elétrica para carregar
a bateria. Gostamos desta possibilidade, mas teríamos gostado ainda mais se as
diferenças entre os modos fossem mais evidentes. Mesmo o nível de máxima regeneração
está longe daquela desaceleração rápida que se sente quando se usa a regeneração
máxima em outros carros elétricos. O que faria sentido num citadino onde ainda
faz mais falta, por questões de conforto, a condução com apenas um pedal.
Considerando a desaceleração conseguida, bastara dois níveis. Três é estar a
complicar. E, já agora, tratando-se de um elétrico, a alavanca de mudanças bem
que poderia não existir para ganhar um puco mais de espaço de arrumação entre
os bancos da frente. Percebemos que seja para poupar custos e facilitar a produção,
já que há também um Twingo a gasolina com caixa de velocidades convencional,
mas num elétrico esta alavanca não faz sentido.  

Preço bom e mau

O preço base de €22.200 tornam o Twingo Eletric o mais
acessível entre os carros elétricos. Pelo menos entre aqueles que exigem carta
de condução. Por pouco, já que o VW e-Up! tem um preço base na casa dos €23.000
e oferece uma bateria de maior capacidade. Se se confirmar o apoio de €3000 do
Estado para o próximo ano, o novo Twingo até poderá ficar abaixo dos €20.000. O
que vem baixar o nível de acesso a um carro elétrico. É verdade que ainda são
cerca de €10.000 mais do que o a versão a gasolina, mas o Eletric é mais
potente, tem melhor tecnologia e deverá representar um custo total menor devido
aos custos mais reduzidos da energia e da manutenção.

Características

Potência: 60 kW ○ Binário máx. 160 Nm ○ Acel. 0-50 km/h: 4,2
s ○ Vel. máx. 135 km/h ○  Bateria: 22 Kwh
○ Autonomia WLTP: 190 km (270 km)  ○
Velocidade de carregamento (calculada): de 18 km/ (tomada comum de 10 A) a 160
km/h (22 kW, AC)

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