A Ferrari F40 é um ícone da história automotiva, um carro feito com o único propósito de ser rápido. O carro abriu mão até das maçanetas para que seu V8 biturbo fosse capaz de levá-la de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos. Pensar que um confortável sedã de luxo fosse capaz de ter o mesmo desempenho certamente faria com que Enzo Ferrari lhe indicasse o sanatório mais próximo. Mas 33 anos de evolução constante certamente fariam o comendador se surpreender. Afinal, agora o novo Audi RS 7 não só se equipara à mais icônica das Ferrari como ele também a supera.

Em nossos testes o modelo cumpriu a mesma arrancada até os 100 km/h em meros 4,1 segundos, enquanto em 1.000 metros conseguiu alcançar os 257 km/h — a velocidade máxima como um opcional de R$ 95 mil que inclui freios de carbono-cerâmica é de 305 km/h, pouco abaixo dos 320 km/h da F40. Contudo, só o Audi pode fazer sombra em outros carros, encurtar (virtualmente) o entre-eixos e até te dar bronca se você acelera muito. Desde que, claro, você esteja disposto a pagar pelos R$ 921.990 cobrados pela marca.

As chamativas lanternas traseiras integradas complementam os para-choques exclusivos — Foto: Divulgação

Claro que não é justo comparar carros separados por três décadas de história, mas a ideia é contextualizar o nível dos superesportivos atuais. Não há número que não chame a atenção no novo RS 7: seu motor segue sendo um V8 biturbo de 600 cv, mas o torque subiu de 76,5 kgfm para 81,6 kgfm. Toda essa força é dosada pelo onipresente câmbio automático de oito marchas da ZF antes de ser enviado para as quatro rodas.

O interior luxuoso reúne couro, materiais emborrachados e Alcantara — Foto: Divulgação

Por falar nelas, no pacote Brasil o sedã carrega rodas de 22 polegadas de diâmetro que podem ser recheadas com massivos freios de carbono-cerâmica com sensor de temperatura, cujo leve ruído no dia a dia mais do que compensa sua ampla eficiência sob uso intenso. E intensidade é o adjetivo mais adequado para descrever o RS 7 quando os modos de condução esportiva estão em uso.

Multimídia informa temperatura das partes críticas do trem de força e dos freios — Foto: Rodrigo Ribeiro/Autoesporte

O motor V8 4.0 biturbo manteve os 600 cv, mas recebeu um acréscimo de torque e sistema híbrido leve — Foto: Divulgação

Normalmente o sedã com mais de cinco metros de comprimento lida com a buraqueira do asfalto brasileiro com uma eficiência surpreendente (para um modelo da linha RS, claro). Mas são nos ajustes mais apimentados da suspensão a ar que o RS 7 troca de personalidade. Sai o modelo de luxo com estilo cupê, entra um carro capaz de rivalizar à altura do BMW M8 Gran Coupé.

Os faróis matriciais de LED com facho auxiliar a laser são de série — Foto: Divulgação

A direção elétrica de relação variável tem agilidade quase sobrenatural, mas a rapidez deste Audi em contornar até a mais fechada das curvas vai além da velocidade de resposta do volante e dos enormes pneus com 28,5 cm de largura. O RS 7 vem de fábrica com um sistema capaz de virar as rodas traseiras em até 5 graus.

As rodas traseiras viram em até cinco graus para facilitar manobras e melhorar o desempenho nas curvas — Foto: Rodrigo Ribeiro/Autoesporte

O mecanismo complexo reduz o diâmetro de giro em um metro durante manobras, ao mesmo tempo em que deixa o sedã muito mais rápido nas curvas, como se ele tivesse um entre-eixos mais curto.

Tela central pode receber feedback háptico, como o botão inicial do iPhone — Foto: Divulgação

Todo esse vigor naturalmente é acompanhado pela sinfonia do escapamento quádruplo com válvulas elétricas acionadas sempre que o motorista quiser ouvir um som à altura do desempenho — e felizmente dá para mantê-las abertas o tempo inteiro.

O aerofólio traseiro retrátil, como manda a cartilha do segmento, também pode ser mantido sempre levantado, independentemente da velocidade.

Porta-malas tem abertura elétrica e comporta ótimos 575 litros — Foto: Divulgação

Andar rápido é algo que se espera de um Audi com as siglas RS, mas o que mais surpreende no RS 7 é a versatilidade com que ele deixa de ser um renn sport para virar um “simples” A7. Nos modos de condução mais mansos, o motor auxiliado por um conjunto elétrico quase não é ouvido. O V8 pode cortar a alimentação de quatro cilindros para reduzir o consumo de gasolina, de razoáveis 6,8 km/l na cidade e ótimos 14,6 km/l na estrada. O tanque de 73 litros, aliás, permite uma autonomia superior a 1.000 km.

Os bancos têm múltiplos ajustes elétricos e revestimento de Alcantara — Foto: Divulgação

O sistema híbrido leve não é dotado do start-stop de alta velocidade (que desliga o motor quando o acelerador é aliviado em trechos planos de estradas), mas o RS 7 tem alguns truques para poupar combustível.

Há amplo espaço para dois adultos no banco traseiro, mas túnel elevado e assento central alto prejudicam o quinto ocupante — Foto: Divulgação

No modo de condução mais econômico — e que raramente será usado — o sistema pode, por exemplo, te avisar que há uma curva fechada ou descida em frente e que é melhor aliviar o pé direito. Se mesmo assim você não ficar atento, um motor no pedal do acelerador faz ele vibrar para te alertar.

O volante exclusivo com base reta tem ajuste elétrico e se recolhe sempre que a porta é aberta para facilitar o acesso — Foto: Divulgação

Outros truques do RS 7 também estão presentes no restante da gama, mas não deixam de impressionar. Os faróis matriciais de LEDs geram sombras em torno dos carros à frente para não ofuscá-los, e o facho alto auxiliar a laser é capaz de iluminar quase meio quilômetro à frente em condições específicas. Os próprios faróis e lanternas são um show à parte sempre que o carro é trancado ou aberto, acionando uma sequências de luzes em uma chamativa animação.

A animação acontece sempre que o carro é trancado ou aberto — Foto: Autoesporte/Rodrigo Ribeiro

Os “defeitos”, como são esperados em um carro deste segmento e faixa de preço, estão mais para características do que problemas de fato. O maior deles é o fato de a Audi ainda esperar que você leve cinco adultos na cabine, apesar do túnel elevado e do banco central duro reforçarem que o máximo de conforto será possível com apenas quatro pessoas, sendo que o acesso à segunda fileira é levemente incômodo por conta do teto mais baixo.

Lanternas também piscam quando o carro é aberto ou fechado — Foto: Rodrigo Ribeiro/Autoesporte

Obviamente que nada disso é motivo para que um interessado deixe de colocar um RS 7 na garagem. E nós entendemos perfeitamente. Afinal, quem abriria mão de ter em casa um sedã confortável (e até econômico!) mais rápido que uma Ferrari F40?

Há diferentes rodas de 22″ de série, mas os freios de carbono-cerâmica são opcionais — Foto: Divulgação

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Desempenho

ACELERAÇÃO
0 a 40 km/h 1,6 s
0 a 80 km/h 3,1 s
0 a 100 km/h 4,1 s
0 a 120 km/h 5,3 s
0 a 400 metros 12,0 s
0 a 1.000 metros 21,4 s
Vel. em 1.000 metros 257 km/g
Vel. real a 100 km/h 98 km/g
RETOMADA
40 a 80 km/h (Drive) 2,0 s
60 a 100 km/h (D) 2,2 s
80 a 120 km/h (D) 2,4 s
FRENAGEM
100 km/h a 0 43,2 metros
80 km/h a 0 28,9 m
60 km/h a 0 17,8 m
CONSUMO (Gasolina)
Urbano 6,8 km/l
Rodoviário 14,6 km/l
Autonomia em estrada 1.065 km

— Foto: Divulgação

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Ficha técnica

Motor Dianteiro, longitudinal, V8 4.0 32V, biturbo, injeção direta, híbrido leve
Potência 600 cv a 6.000 rpm
Torque 81,6 kgfm a 2.050 rpm
Câmbio Automático, oito marchas
Tração Integral
Direção Elétrica, 12,2 m (diâmetro de giro), com eixo traseiro esterçante
Suspensão Independente, com braços sobrepostos, amortecedores ajustáveis e molas pneumáticas
Freios A disco de carbono-cerâmica ventilados e perfurados
Pneus e rodas 285/30 R22
Comprimento 5,0 metros
Largura (s/ retrovisores) 1,95 metro
Altura 1,42 m
Entre-eixos 2,93 m
Tanque 73 litros
Porta-malas 535 litros
Peso 2.275 kg

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