Durante o período mais agudo da pandemia do coronavírus a Volvo só cresceu no mercado brasileiro. Até setembro, a marca emplacou 5.171 carros o que corresponde a uma participação de 15,9% no segmento premium ocupando lugar que era tradicionalmente da Mercedes-Benz tendo a BMW como líder desse mercado.

Diante dos bons números o R7 entrevistou João Oliveira, diretor geral de Operações e inovação da Volvo Car Brasil que comentou sobre os desafios de conduzir a empresa durante a crise da pandemia e os planos de novos produtos e ações para o mercado brasileiro.

Novo SUV abaixo do XC40

Durante a entrevista o executivo admitiu que o SUV posicionado abaixo do XC40 deve ser lançado no Brasil. Ele usará a plataforma SEA (Sustainable Experience Architecture), desenvolvida pela Geely, dona da Volvo. 

“Quando a gente tiver um SUV menor ele será 100% elétrico e certamente terá volume de vendas no Brasil. Acredito muito nessa combinação de SUV e eletrificação. Nesse segmento menor ampliaremos nossa participação mas não tem data confirmada”, afirma João Oliveira.

Confira na íntegra a entrevista ao executivo da Volvo

Dólar é uma questão preocupante tendo em vista a alta desvalorização do real ao longo deste ano?

João Oliveira: O dólar é uma situação séria. Quanto a gente fala de posicionamento em relação aos concorrentes, isso fica um pouco relativizado, mas é um probkema que todos tem que enfrentar. Quanto so preços tendem a subir e se acomodar mais acima já temos um planejamento para isso. 

A gente olha uma moeda [real] que desvalorizou mais de 30%, tudo que a Volvo fez em termos de movimentação de preço foi um reajuste de 12-13%, pois olhamos para a questão cambial mais a médio e longo prazo. Avaliamos o quanto a variação é conjuntural, o quanto é estrutural. Saímos da casa de um dólar a R$ 4 e fomos para R$ 5,60. Aí tem muita questão conjuntural, mas estimamos que para o ano que vem devemos ter algo em torno de R$ 5 ou R$ 5,20.

Como a empresa se preparou quando percebeu que a crise do coronavírus seria muito séria?

Antes do brasil estar afetado, em fevereiro, a gente sabia que a China estava enfrentando o problema e começamos a nos preparar como companhia para lidar com isso., como os funcionários estariam protegidos, depois o processo de fechamento e avaliação da retomada.

Mas com relação à crise em si. Como vocês se preparam para lidar com uma queda abrupta na demanda?

Observamos nossa realidade como marca e também olhando o segmento das marcas importadas na ABEIFA (Oliveira é presidente da Associação Brasileira dos Importadores e Fabricantes de Veículos). Quando a Anfavea estimava em 40% a queda, nós víamos algo em torno de 20% a 25%. Havia uma demanda reprimida e eu já imaginava que a retomada seria nesse sentido. A crise traz oportunidade para alguns setores. Áreas de atividade econômica que estão crescendo são as que produzem bens duráveis. Os números mostram que a retomada tem sido melhor que as estimativas iniciais.

Para o cliente dos carros premium não houve crise?

Acredito que seja verdade o que eu ouvi de clientes na loja da Volvo. Eu estou preferindo adquirir para um carro mais legal pois fiquei parado e fiquei muito tempo parado em casa. A partir do momento que eu não vou viajar tão cedo de avião eu vou mais de carro então quero um nível superior de conforto para mim e para a minha família.

O perfil de clientes da marca é formado por consumidores fieis e ou novos clientes?

É um perfil bem diverso. Metade são clientes fieis à marca e que trocam um carro da Volvo por outro modelo. A outra metade são 25% de clientes de outras marcas premium que conquistamos e outros 25% são clientes que estão subindo de nível e compram um Volvo.

Sem mais salão do automóvel quando a Volvo planeja retomar seus eventos com o público-alvo?

Ainda não planejamos e para esse ano não acredito que ocorra pois precisamos de um ambiente seguro para fazer eventos com grande público. Garantir a segurança das pessoas e respeitar o desejo das pessoas é fundamental e precisamos ver se os nossos consumidores estão seguros com uma retomada de eventos. 

Com a pandemia o comprador está usando as ferramentas online ou ainda prefere ir à concessionária?

A mensagem desse período de crise e nossa preocupação era manter a rede de concessionários saudável financeiramente. Pelo que temos percebido o comportamento do consumidor ainda está bem mais focado no presencial. Alguns querem o online mas muita continua mantendo a experiência de ir ao concessionário. Mas a questão digital é tão importante que contratamos um diretor para esse tema. Não acreditamos que digitalização seja escanear o showroom e ir para a internet. A experiência é diferente estamos preparados para este momento.

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