A Toyota acaba de apresentar o SUV derivado do Corolla sedã, o Corolla Cross. A fábrica não poderia ficar de fora deste segmento que virou a (meio inexplicável) moda do mercado mas que se traduz em ótimos lucros para as fábricas pois esses SUVs tipo meia-boca se utilizam da mesma plataforma do sedã porém um pouco mais altinhos. E custam bem mais, porém nada oferecem em troca.

Exatamente o caso do Corolla Cross. A Toyota pegou a plataforma do sedã e colocou uma outra carroceira para ficar “na moda”, porém custando de R$ 140 mil a R$ 180 mil. Exatos R$ 20 mil mais que o sedã, que vai de R$ 120 mil a R$ 160 mil.

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Em termos mecânicos, o Cross manteve as duas opções de motorização do sedã, o 2.0 a combustão e o 1.8 híbrido com dois motores. Mas a Toyota fez uma lambança na suspensão traseira. E em outros itens. Na minha opinião o Corolla Cross custa muito mais, porém oferece menos que o sedã. Veja porquê no vídeo:

Desvantagens do Corolla Cross

Espaço: o Cross perde para o sedã sob todos os aspectos. Como seu entre-eixos (distância entre rodas dianteiras e traseiras) é 6 cm menor, quem vai no banco traseiro vai mais apertado que no sedã. Pior é no porta-malas: um SUV não é um carro para a família? Como explicar a aberração de seu porta-malas ter apenas 440 litros de capacidade, enquanto o sedã oferece 470, 30 litros maior?

Acabamento: O SUV, por ser mais caro, deveria oferecer acabamento melhor que o sedã, mas, qual o quê? Revestimentos de plástico duro prá todo lado. E a cereja do bolo é abrir a tampa do console central: Alí, a impressão é de um quebra-galho de última categoria: um tosco pedaço quadrado de borracha solto no fundo para encobrir dois grotescos parafusos.

Freio de… pé! Carros bem menos modernos e caros que o Corolla Cross já adotaram comando elétrico para o freio de estacionamento acionado por um botão no painel. Enquanto isso, a Toyota teve a coragem de instalar um obsoleto e ridículo pedal para o pé esquerdo. Coisa de quatro a cinco décadas atrás.

Suspensão: Ponto alto da mecânica do Corolla Sedã é sua suspensão traseira do tipo multibraços (multilink), um sistema sofisticado que consegue estabilidade e conforto simultaneamente. Para reduzir custo e peso do Cross, a Toyota não vacilou em adotar o obsoleto eixo de torção, mesma solução mequetrefe que equipa modelos mais antigos e baratos do mercado.

Estepe: O pneu sobressalente de emergência, aquele bem fininho idealizado para não roubar espaço no porta-malas, espanta e preocupa o motorista. Mas, não oferece riscos desde que seja cauteloso até chegar no borracheiro.

Entretanto, a Toyota foi muito além e não vacilou ao deixar no porta-malas do Cross o estepe de emergência de 17” mesmo nos modelos que usam as rodas de 18”. Com o diâmetro final menor, o SUV vai meio que “manco”, prejudicando o funcionamento dos controles eletrônicos, odômetro e velocímetro, raio de rolagem, e outras.

Altura: Um dos itens mais importantes de um SUV é seu vão livre, ou seja, a distância entre sua parte inferior e o piso. Esta medida define a capacidade do veículo de superar obstáculos como valas, lombadas e outras irregularidades do asfalto ou da terra. O Corolla sedã tem vão livre de 148 mm (14,8 cm), mas a fábrica só aumentou míseros 13 mm (1,3 cm) no Cross, para 161 mm (16,1cm). Estritamente o necessário para ser classificado como SUV pelo Inmetro (160 mm). Então, o SUV não tem – a rigor – maior capacidade de ultrapassar irregularidades e pequenos obstáculos do que o Corolla sedã.

Grade: Não que o estilo do Corolla sedã seja arrojado, mas tem linhas modernas, harmoniosas e agradáveis. Não sei onde a Toyota quis chegar com a grade do Corolla Cross. Questão de gosto, e subjetiva. Alguém até gostou, mas eu achei horrível.

Eu fico com o Sedan

A nova geração do Corolla sedã foi uma reviravolta no carro que passou a oferecer muita tecnologia mecânica e eletrônica. O recém-lançado Corolla Cross fica devendo ao sedã em suspensão, espaço, porta-malas, acabamento e relação custo/benefício.

Entre os dois modelos da linha Corolla, eu não compro um Cross, mas levo um sedã de olhos fechados.

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