Ser tiozão (ou no meu caso, tiazona) nunca foi tão legal. Porque se a gente costuma associar os sedãs estilo “barca” a carro de tiozão, eu não ia querer outro título se tivesse o novo Audi A6 na minha garagem.

Enquanto o mercado de SUVs cresce vertiginosamente, a marca alemã ainda resiste em apostar na sua linha de sedãs repletos de tecnologia e conforto. Mesmo que com modelos mais versáteis na gama da família Q (Q3, Q5, Q7 e Q8) seja difícil encontrar uma morada para o belo e tradicional A6 e sua dirigibilidade bem mais refinada.

Se na motorização V6 3.0 de 340 cv o modelo esbanja vitalidade, a versão avaliada, equipada com motor 2.0 TFSI de 245 cv, não fica devendo muito, não. É o mesmo motor usado no “primo” Volkswagen Jetta GLI, que já é bem espertinho, mas com 15 cv de potência e 2 kgfm de torque (35,7 kgfm x 37,7 kgfm) a mais. Segundo a Audi, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 6 segundos, ou 0,9 s a mais que os 5,1 s do V6 — uma diferença mal notada no dia a dia.

Audi A6 na opção de entrada tem o mesmo motor do “primo” VW Jetta GLI, mas com mais torque e potência — Foto: Divulgação

E o melhor de tudo: o carro é surpreendentemente econômico, mesmo pesando quase 1.800 kg. No computador de bordo, a média do consumo misto entre cidade e estrada passava de 14 km/l. Ou seja, com um tanque de 73 litros, a autonomia pode ultrapassar facilmente os 1.000 km — uma boa notícia com o preço médio da gasolina beirando os R$ 7.

O que ajuda nos bons números é a tecnologia híbrida leve. Não chega a ser considerado um carro híbrido como um Toyota Corolla, por exemplo, mas o conjunto permite uma modesta recuperação de energia e resulta em economia de combustível.

Mas isso se o motorista não tiver o pé pesado e não abusar do modo de condução Dynamic, que deixa o carro um pouco mais arisco. Além deste, há outras quatro opções no sistema Audi drive select: Comfort, Efficiency, Individual e Auto. Fique com o Comfort para aproveitar o melhor que o A6 tem a oferecer, um rodar macio com suspensão tão bem ajustada que buracos e desníveis no asfalto passam quase despercebidos.

O câmbio S tronic de dupla embreagem e sete marchas também tem um comportamento exemplar, com trocas extremamente rápidas e suaves. Apenas em acelerações mais vigorosas há uma pequena hesitação, mas com a progressividade da velocidade, esse detalhe não chega a incomodar. A tração integral quattro e o perfil baixo do carro o deixam firme no asfalto.

Se antigamente os sedãs da Audi tinham uma direção molenga e vaga, as coisas mudaram de uns tempos para cá. O sistema progressivo do A6 envia respostas bem mais diretas tanto para as rodas dianteiras quanto para as mãos do motorista.

Interior do sedã tem acabamento primoroso e muita tecnologia — Foto: Divulgação

Na cabine você tem plena consciência de que está a bordo de um carro premium, com materiais de ótima qualidade ao toque e acabamento primoroso. Espaço também não falta, já que são 2,92 metros de entre-eixos. Mas atrás o conforto só é total para dois, já que o túnel central alto prejudica levar um eventual terceiro passageiro. A tecnologia também mostra suas garras, com o agora já conhecido painel de instrumentos digital virtual cockpit, que oferece diversas configurações de visualização.

A central multimídia tem tela de 10,1” e exibe informações sobre as configurações do veículo, dados de navegação e é compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Há ainda uma tela menor de 8,6”, mais abaixo, que controla o sistema de climatização de duas zonas.

Atrás o conforto é para apenas dois passageiros graças ao túnel central bem elevado — Foto: Divulgação

Na lista de equipamentos, destaque para bancos de couro com ajuste elétrico e memória para o do motorista, volante multifuncional revestido de couro com borboletas, controle de cruzeiro adaptativo, faróis de LED, câmera 360º, carregamento de celular por indução, teto solar panorâmico, rodas de 19” e kit esportivo S line no exterior.

São exatos R$ 100 mil separando a opção de topo da de entrada, que custa R$ 424.990. E apesar de faltarem alguns itens tecnológicos e de segurança, em termos de prazer na condução a diferença de preço talvez seja menos importante. Vale mais a pena escolher o V6 se você fizer questão de uma lista de equipamentos mais recheada.

Volante multifuncional revestido de couro traz borboletas para as trocas de marcha — Foto: Divulgação

Claro que você pode incrementar o A6 2.0 com alguns opcionais, mas prepare-se para uma lista salgada. É possível incluir pintura metálica ou perolizada (R$ 2.600), head-up display (R$ 14 mil), rodas de 20” (R$ 15 mil), faróis Full LED matriciais com luz de direção dinâmica (R$ 17.500) e pacote Side Assist, que traz assistente de faixa e de tráfego traseiro e alerta de colisão dianteiro e traseiro (R$ 14 mil). Tudo isso eleva a conta em R$ 63.100. E olha que nem falamos da pintura especial personalizada Audi Exclusive que, sozinha, custa insanos R$ 37 mil.

Independentemente de valores, se você decidir escolher um sedã dessa categoria sobre um SUV, representante da febre do momento — e que também pode alcançar cifras estratosféricas —, está de parabéns. Não vai se arrepender. Mesmo que você receba a alcunha de tiozão.

Ficha técnica Audi A6 2.0

Motor Dianteiro, transversal, 4 cil. em linha, 2.0, 16V, comando duplo variável, turbo, injeção direta de gasolina e indireta
Potência 245 cv entre 5.000 e 6.500 rpm
Torque 37,7 kgfm entre 1.600e 4.300 rpm
Câmbio Automatizado de dupla embreagem, 7 marchas; tração integral
Direção Elétrica
Suspensão Independente, McPherson (dianteira) e multibraço (traseira)
Freios Discos ventilados (dianteira e traseira)
Pneus 245/45 R19
Dimensões Comprimento: 4,94 m; Largura: 2,11 m; Altura: 1,46 m; Entre-eixos: 2,92 m
Tanque 73 litros
Porta-malas 530 litros
Peso 1.770 kg
Central multimídia 10,1″, com Apple CarPlay e Android Auto
Garantia 2 anos

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