Além do fraco desempenho na pista, a Ferrari vive um inferno nos bastidores após a segunda corrida no ano terminar com os dois carros da equipe se chocando. A situação é ainda pior pelo fato de o incidente não ser um caso isolado.

Esses fatores contribuem para que a equipe registre uma marca para lá de indigesta: é o pior início do time italiano desde 2010, quando a F1 adotou o sistema de pontuação atual. A escuderia soma atualmente 19 pontos, todos conquistados na primeira corrida com o segundo lugar de Leclerc e a décima posição de Vettel.

Antes, o pior desempenho da Ferrari havia sido na temporada de 2014, momento em que a F1 fazia a transição dos motores V8 para o conjunto híbrido V6. Com Fernando Alonso e Kimi Raikkonen, o time somou apenas 28 pontos nas duas primeiras etapas.

Pontuação da Ferrari após as duas primeiras etapas na F1 desde 2010

Temporada Pontuação Dupla de pilotos
2010 70 Alonso e Massa
2011 36 Alonso e Massa
2012 35 Alonso e Massa
2013 40 Alonso e Massa
2014 28 Alonso e Raikkonen
2015 52 Vettel e Raikkonen
2016 61 Vettel e Raikkonen
2017 65 Vettel e Raikkonen
2018 65 Vettel e Raikkonen
2019 48 Vettel e Leclerc
2020 19 Vettel e Leclerc

E por conta disso, a imprensa italiana tê feio duras críticas à Ferrari, algo que Ross Brawn, ex-diretor da Scuderia e atual diretor técnico da F1, aponta como um dos maiores desafios da gestão do grupo de Maranello.

– Charles fez muito bem em assumir a responsabilidade pelo acidente, mas não ajuda muito. Isso posto, é parte do esporte e essas coisas podem acontecer. E os engenheiros na fábrica tê muito trabalho a fazer. Mas um dos maiores problemas na Ferrari, mais do que nos outros times, é a pressão que eles sofrem da mídia, principalmente na Itália. Eu sei por experiência própria que a pressão da mídia italiana pode ser incrivelmente intensa, e você precisa se certificar que não atinja o seu pessoal – afirma Brawn.

Nigel Stepney e o ex-diretor técnico da Ferrari, Ross Brawn, em 2001 — Foto: Getty Images

A capa do jornal “La Gazzetta dello Sport” chama o momento de “pesadelo Ferrari”.

Gazzetta dello Sport — Foto: Reprodução

Ja a capa do Corriere dello Sport diz que “até Leclerc enlouqueceu”.

Corriere Dello Sport — Foto: Reprodução

Para Brawn, que experimentou tempos de sucesso na Ferrari entre 1996 e 2006, explica que a situação precisa ser contornada pela diretoria, que tem a obrigação de motivar e manter os funcionários focados. E que é primordial entender os problemas fundamentais do carro para recuperar performance na pista.

– A diretoria precisa saber lidar com isso e se certificar de que os profissionais mantenham a fé e sigam focados no que precisa ser feito. Eles não vão mudar essa situação da noite para o dia. Eles têm um logo caminho pela frente. Precisam entender se há um problema fundamental com o carro – e precisam fazer isso rápido – porque estavam claramente sem ritmo (nas duas primeiras corridas).

Mattia Binotto, chefe da Ferrari, nos testes de pré-temporada da F1 em Barcelona — Foto: Charles Coates/Getty Images

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