A Mercedes-Benz do Brasil encerrou a produção de automóveis na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo. Inaugurada em março de 2016, a unidade era responsável por produzir o SUV compacto GLA e o sedã médio Classe C. Para isso, recebeu mais de R$ 600 milhões em investimentos. A meta inicial era produzir até 20 mil carros por ano.

Segundo a Mercedes-Benz, a decisão de parar a produção em Iracemápolis veio de uma soma de fatores. O primeiro deles é o econômico. A crise pela qual o Brasil passou nos últimos anos se agravou com a pandemia. Além disso, a montadora, assim como toda a indústria, está focada na eletrificação e na digitalização dos carros. E isso exigirá adequação.

De acordo com Jörg Burzer, membro do Board da Mercedes-Benz AG, Produção e Cadeia de Suprimentos, a situação econômica no Brasil tem sido difícil por muitos anos e se agravou devido à pandemia da Covid-19. “Isso causou uma queda significativa nas vendas de automóveis premium”, pontuou no comunicado oficial divulgado pela empresa.

“Nosso primeiro objetivo agora é encontrar uma solução sustentável para os colaboradores dessa unidade, que contribuíram de forma decisiva para o sucesso da Mercedes-Benz no Brasil com seu comprometimento e expertise nos últimos anos”, completou o executivo.

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Divulgação/Mercedes-Benz

Redução de custos

Um dos principais motivos da decisão é o custo. Existe uma conta mensal que as fábricas pagam para operar. Contudo, segundo a Anfavea, o rombo em 2020 causado pela pandemia da Covid-19 na indústria automobilística ficará entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões. Ou seja, isso explica em parte porquê a Mercedes-Benz está encerrando as atividades em Iracemápolis.

Sedã Classe C inaugurou a fábrica

A Mercedes-Benz ligou as máquinas da fábrica paulista após apenas 15 meses de obras. Na época, a marca alemã promoveu uma grande festa, com presença de políticos, entre eles o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O primeiro modelo a sair da linha de produção foi o sedã Classe C, e alguns meses depois a montadora passou a produzir o SUV GLA.

Durante um tempo, especulou-se sobre a produção de outro três volumes, o Classe A, que não foi concretizada.

Por lá, em 2018, saiu o primeiro híbrido da marca do Brasil, o Classe C EQ Boost. Assim como a segunda geração do GLA, marcada para estrear no ano que vem no Brasil, espera-se que a produção do sedã fique a cargo das fábricas na Alemanha e na África do Sul.

Restruturação mundial da fabricante

Em junho, o jornal alemão Handelsblatt anunciou que a Daimler avaliava a possibilidade de vender a planta de Iracemápolis. Na época, a montadora atribuiu o motivo à reestruturação da empresa.

Vale ressaltar que a Daimler interrompeu a produção do Classe C em Tuscaloosa, nos EUA, em julho. No entanto, hoje a empresa não relacionou a aposentadoria da fábrica ao fim de produção do sedã na América.  

O sinal vermelho acendeu em junho para a Daimler. O primeiro semestre fechou com um rombo de US$ 1,91 bilhão (cerca de R$ 9,1 bi). De acordo com o jornal, para sanar o prejuízo, a marca prometeu que cortaria custos operacionais e cerca de 20 mil empregos.  

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