GM e lobby do etanol: a batalha pelos carros elétricos no Brasil

Nos últimos meses, temos acompanhado uma batalha de ideias e interesses entre as montadoras em relação aos carros elétricos no Brasil. De um lado, temos a General Motors (GM) defendendo veículos elétricos a bateria e, do outro, a Stellantis e a Volkswagen apoiando carros híbridos a etanol como alternativa para a transição energética.

Recentemente, Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul, fez uma apresentação pública defendendo os carros elétricos a bateria e comparando-os com os híbridos. Chamorro deixou claro que a GM não produzirá carros híbridos no Brasil, pois considera que essa tecnologia já cumpriu seu papel de transição.

Por outro lado, Stellantis e Volkswagen lideram um forte lobby para que o etanol seja escolhido como o modelo energético brasileiro na transição para os carros 100% elétricos. O objetivo é acabar com a isenção do imposto de importação para carros elétricos, taxando-os em 35%. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) permanece neutra nessa disputa, pois há duas correntes entre seus associados.

A disputa não é apenas sobre preferências tecnológicas, mas sim sobre modelos de negócio. Para a GM, um mercado forte de carros elétricos é fundamental para o seu futuro como fabricante no Brasil. Sem isso, talvez tenha que se tornar apenas uma importadora de veículos caros para um público reduzido. Já para a Stellantis e Volkswagen, um carro híbrido a etanol seria mais barato e permitiria manter os lucros na operação brasileira para financiar os carros elétricos que estão sendo lançados nos mercados europeu, chinês e americano.

A Anfavea promoverá em 14 de junho, em Brasília, o Summit Anfavea de Mobilidade Elétrica, onde serão apresentados 50 veículos eletrificados e haverá debate sobre as alternativas do Brasil para reduzir as emissões de CO2 no âmbito da mobilidade. Esse será mais um espaço para que as montadoras apresentem suas visões e defendam seus modelos de negócio.

Apesar dos movimentos de Santiago Chamorro, a posição da GM ainda é bastante cômoda. Ao contrário da Volvo, Audi e Porsche, que estão investindo milhões em infraestrutura para carregamento de carros elétricos, a GM só tem à venda dois carros (Bolt EV e Bolt EUV) que sairão de linha em breve. Ademais, a montadora oferece carregadores de até 22 kWh para seus clientes.

A Stellantis e a Volkswagen, por sua vez, argumentam que uma das vantagens do híbrido a etanol é a gigantesca rede de abastecimento já implantada no país, o que facilitaria a transição dos modelos convencionais para os eletrificados. Em três anos, ambas terão modelos híbridos em faixas de preços mais populares. A GM, portanto, precisa se mexer para não ficar para trás nessa corrida eletrificada.

No entanto, é importante destacar que a disputa entre carros elétricos e híbridos a etanol não é uma questão de tudo ou nada. O Brasil pode seguir uma estratégia multifacetada, que inclua ambas as opções e contemple o desenvolvimento de infraestrutura, incentivos fiscais, o envolvimento dos governos estaduais e locais, entre outras medidas. Dessa forma, poderemos avançar rumo a um futuro mais limpo e sustentável para a mobilidade no país.

Fonte: GM entra na briga contra lobby do etanol e defende elétricos

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