Nem sempre, porém, a intenção da marca é testar novas tecnologias. “Às vezes, o objetivo se restringe a avaliar determinados componentes para verificar se ele suporta o rigor de uma corrida”, atesta Leandro Sabes, da Porsche. Um exemplo são os pneus, que devem ganhar durabilidade para conduzir o carro até o fim da corrida. 

Corrida da Fórmula E em circuito de rua: montadoras aproveitam a categoria para testar novas soluções, que poderão ser aplicadas nos veículos elétricos. Foto: Divulgação Nissan

Pneus com material resistente

Não adianta o veículo despejar muita potência sem ter o controle proporcionado pelos pneus. “Assim como os carros elétricos de rua, os da Fórmula E se caracterizam pelo torque imediato, que faz o carro disparar quando o motorista pisa no acelerador. Esse comportamento dinâmico exige mais dos pneus”, revela Humberto Gomez. 

Além disso, a bateria instalada no assoalho do carro deixa o centro de gravidade muito baixo, jogando mais pressão nas bandas laterais dos pneus. “Essas exigências estão fazendo as fabricantes de pneu estudarem matérias-primas mais resistentes, que poderão ser transferidas aos automóveis”, acredita Morais, da ABB.

Para ele, o torque máximo instantâneo pode levar ao aperfeiçoamento de outro item importante: os bancos. Quando o carro de corrida ganha velocidade rapidamente, o corpo do piloto tende a grudar no encosto do banco. Dessa forma, quanto mais ergonômico ele for, maiores o conforto e a sensação de bem-estar a bordo. 

Não por acaso realizada apenas em circuitos de rua para associar a imagem do carro elétrico à mobilidade urbana, a Fórmula E também é um campo vasto de estudos para aumentar a segurança dos automóveis. A bateria encapsulada abaixo do cockpit está bem protegida para evitar o risco de combustão em uma colisão. Nos carros, ela se “esconde” no assoalho, igualmente bem guardada.

Segundo Leandro Sabes, há, na Porsche, uma interação estreita entre as engenharias de automobilismo e os carros de rua, que acabou resultando em uma triangulação. O protótipo Porsche 919 Hybrid, de Le Mans, contribuiu com algumas boas sacadas para o Taycan, esportivo 100% elétrico da marca, que, por sua vez, as repassou ao monoposto 99X, da Fórmula E.

Ele destaca a importância do gerenciamento térmico nos modelos elétricos. “Tudo o que você menos precisa em um veículo elétrico é ter superaquecimento. Por isso, a refrigeração da bateria e dos sistemas internos para controlar a temperatura é fundamental, nos carros da Fórmula E, para nos dar subsídios na aplicação no carro de rua”, completa. 

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