A nova Ferrari representa uma revolução interna

A nova Ferrari representa uma revolução interna

Foto: Ferrari / Grande Prêmio

A grande palavra da Fórmula 1 em 2021 é, de longe, continuidade. O regulamento é quase idêntico ao de 2020 e, com mudanças profundas previstas para 2022, não faz muito sentido mudar tudo agora. Quer dizer, a menos que você trabalhe na Ferrari: a escuderia italiana nem esconde que passou os últimos meses revirando o projeto falho do SF1000 para entender o que precisa melhorar na SF21, carro lançado nesta quarta-feira (10).

O verbo ‘revirar’ não é o mais técnico, mas ainda é adequado para uma equipe que tinha muitos pontos fracos no carro. Não havia tempo hábil para arrumar tudo. O foco recaiu sobre a unidade de potência, aquela mesma que em 2020 impediu a Ferrari de sequer pontuar em algumas pistas de alta velocidade.

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Misturando cores, a Ferrari chamou atenção pelo verde da Mission Winnow

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Foto: Ferrari / Grande Prêmio

“A temporada passada nos deixou com uma sensação clara a respeito de onde estamos, e esse foi nosso ponto de partida”, disse Enrico Gualtieri, diretor de unidades de potência em Maranello. “Usamos uma abordagem sistemática, com todos os departamentos trabalhando juntos para aproveitar qualquer oportunidade de evolução. Junto dos nossos colegas da área de chassi, trabalhamos em cima do desenho da unidade de potência, tornando o desenho completo do carro tão eficiente quanto possível. Com o motor de combustão interna, demos um passo adiante na nossa parceria com a Shell que deve render ganho de mais de 0s1. Também estamos mantendo o desenvolvimento do sistema híbrido e do eletrônico, otimizando todos os componentes”, seguiu.

Os dramas da Ferrari em 2020 começaram ainda em 2019. A equipe não cumpriu 100% com o regulamento técnico e precisou fazer ajustes no fluxo de combustível ano passado. Deu tudo errado: a equipe que tinha mais potência virou a pior de todas. E, com o congelamento no desenvolvimento do motor marcado para entrar em vigor em 2022, a hora é agora para encontrar soluções e evitar anos de vexames.

Acontece que seria um erro limitar os problemas da Ferrari ao desenvolvimento do motor. Afinal, a equipe não foi muito melhor em traçados travados, com os de Hungaroring, Barcelona e Ímola. A aerodinâmica do carro também fracassou, e isso ficou evidente através de Sebastian Vettel: o alemão sempre reclamou da imprevisibilidade do bólido, que não passava a confiança necessária para pilotar em alto nível. Charles Leclerc conseguiu fazer um pouco mais, mas nem mesmo todo o carinho existente em Maranello bastou para o piloto render em nível realmente alto.

Outro ângulo da SF21

Outro ângulo da SF21

Foto: Ferrari / Grande Prêmio

Consciente dos problemas no projeto, a Ferrari praticamente refez a traseira da SF1000, que virou um conceito vindo do zero na SF21.

“Quando iniciamos o projeto da SF21, nossa primeira tarefa era identificar qual área do carro precisava mais de uma mudança radical”, destacou Enrico Cardille, diretor de chassi. “Optamos pela traseira, desenhando uma nova caixa de câmbio e um novo sistema de suspensão. Somando isso aos esforços dos colegas da unidade de potência, temos uma traseira muito mais enxuta. Também revisamos o sistema de refrigeração, melhorando os efeitos do radiador. A aerodinâmica foi uma das áreas mais afetadas pela mudança de regulamento, e temos o objetivo tanto de recuperar o downforce perdido por conta do regulamento quanto de reduzir o arrasto. As mudanças na frente do carro são menos dramáticas. Começamos a desenvolver uma nova asa dianteira que funciona em conjunto com o novo conceito de bico, só que o chassi ainda é o mesmo da SF1000”, seguiu.

A Ferrari tem motivos de sobra para reinventar o carro, mas isso não é necessariamente ótimo. Nove das dez equipes do grid de 2021 já sabem mais ou menos o que esperar de seus carros, que são apenas evoluções de projetos já existentes. Basta conferir o retorno dos carros ‘B’. No caso da escuderia italiana, tudo é incerto: pode ser que o passo adiante venha; pode ser que novas decepções apareçam. O SF21 certamente é o carro que mais merece atenção na pré-temporada, que vai acontecer entre os dias 12 e 14 de março, em Sakhir. Os tempos marcados por Leclerc e o recém-chegado Carlos Sainz Jr. vão dizer bastante sobre os próximos meses em Maranello.

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