O futuro do automóvel está se desenhando na nossa frente: muitos estão empolgados com o que está por vir, enquanto os entusiastas temem o futuro do carro. Resolvi incorporar o “Pai Boutros do Giclê Entupido”, desembaçar a bola de cristal e fazer algumas previsões e especulações sobre o que veremos nos próximos anos nas ruas.

Especular vai contra o que nós aprendemos na faculdade de jornalismo, mas é um exercício bom de se fazer: ainda mais aqui nesse espaço opinativo. Então, por favor, não venham com print disso aqui em 2035 falando “nooossaaaaa, você errou tudo nessa coluna”.

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Mas enfim, vamos falar de futuro do automóvel, então temos que começar pelo que todos querem saber: o carro elétrico vai dominar as ruas? Sim e não! Em países desenvolvidos, é um caminho sem volta; os motores térmicos vão acabar!

Mas a coisa muda de figura por aqui: a verdade é que o Brasil está uns 10 anos atrasado nesse sentido em relação à Europa, por exemplo. Temos diversos fatores contra por aqui e o principal, claro, é o custo elevado, aliado ao poder de compra decadente do brasileiro.

O recém-lançado Renault Kwid elétrico, hoje, é o carro a bateria mais barato do nosso mercado, com um preço de etiqueta de pouco mais de R$ 140 mil. Resumindo: carro elétrico no Brasil vai ser nicho voltado aos consumidores de alto poder aquisitivo.

Mas qual será a solução aqui? Etanol! Sim, o combustível vegetal odiado por muitos, atacado por alguns youtubers e comentaristas de portal poderá colocar o Brasil na vanguarda da matriz energética para os países em desenvolvimento.

Recentemente, uma comitiva de representantes de montadoras e do governo brasileiro fechou um acordo com a Índia para ampliar o uso do etanol naquele país. Mas qual vai ser a sacada? Motor flex já existe há quase 20 anos.

‘Zero’ emissões

A novidade vai ser os conjuntos híbridos flex. Hoje, a Toyota já oferece esse conjunto propulsor, enquanto diversas outras, como Volkswagen, Stellantis e GWM já desenvolvem seus produtos com essa proposta.

Mas qual a diferença do híbrido flex para o híbrido convencional? Simples! Se for considerado desde a cultura da cana-de-açucar até as emissões dos carros abastecidos com etanol, é possível “zerar” a emissão de carbono. É isso que todos estão buscando – e por imposição das legislações.

Termos escapatória? Provavelmente não. O processo de eletrificação é inevitável, mesmo que em graus diferentes. Lá para meados desta década de 2020, provavelmente teremos muitos carros mild hybrid (ou híbrido leve) ou os híbridos “convencionais”.

Parênteses: meu amigo Marlos Ney Vidal publicou no Autos Segredos uma dessas novidades, o Polo eTSI – o primeiro híbrido flex da VW.

E no que isso vai implicar? Carros mais caros…

Boris Feldman relembra as origens do carro elétrico:

Soluções de mobilidade

Ainda pensando no futuro, outra tendência é a transformação das montadoras (eita, me desculpem Boris Feldman e Bob Sharp) em empresas provedoras de mobilidade.

O negócio delas não vai ser mais exclusivamente vender carros. Pensa comigo: hoje, as maiores compradoras de carros são as locadoras. Para quê você vai fazer uma venda direta, com margens reduzidas, se você mesmo pode fazer essa jogada?

Por isso, a maioria das fabricantes (se não todas) já estão investindo nos carros por assinatura: em vez de comprar um carro, você, por um valor mensal pré-determinado, o usa com todos os custos de manutenção e seguro embutidos na mensalidade.

Como disse Antonio Filosa, COO da Stellantis, eles estão “aprendendo a andar para correr no futuro”, ou seja, ainda não têm o know-how das grandes locadoras como a Localiza, mas, em breve, querem estar em pé de igualdade.

Banco aquecido? Vai ter que assinar também

E tem mais. As fabricantes já estão pensando também em oferecer equipamentos por assinatura. Isso mesmo, você não leu errado. A BMW se envolveu em uma polêmica recente ao manifestar intenção cobrar uma mensalidade para liberar bancos aquecidos em seus carros.

E isso não vai ser exclusividade de carros mais caros: muitas já oferecem serviços pagos, como sistemas de monitoramento remoto que são gratuitos no primeiro ano, mas são cobrados a partir daí. Ou internet a bordo.

Mas essa proposta ainda enfrenta muita resistência dos consumidores. A Cox Automotive recentemente pesquisou que 75% das pessoas que pretendem comprar um veículo novo nos próximos dois anos não querem pagar uma taxa de assinatura anual ou mensal para esses itens. Em vez disso, eles esperam que a maioria dos recursos e serviços sejam incluídos no preço de venda inicial.

A bola de cristal está ficando embaçada novamente, então vou parar por aqui… Mas é fato que um novo mundo automotivo está se desenhando diante dos nossos olhos. Para quem encara o carro apenas como uma ferramenta, muitas novidades serão bem-vindas. Mas para os entusiastas…

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