Enquanto a maioria dos consumidores tem que desembolsar, em média, R$ 7,5 por litro de gasolina, o equivalente a R$ 375 para um tanque de 50 litros, tem motorista em Santa Catarina que abastece de graça em casa, no trabalho, em estacionamentos ou eletropostos. Esse seleto grupo é de proprietários de veículos elétricos. Como chegaram lá? É preciso investir na aquisição de carro elétrico novo ou usado e numa usina solar em casa e, além disso, ter a sorte de contar com usina solar no trabalho e estacionamentos que não cobram para recarregar. 

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Um dos que contam com esse diferencial é o professor e pesquisador na área de mobilidade elétrica no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Erwin Teichmann, que foi executivo de montadora de automóvel antes de ingressar na carreira de professor. O veículo elétrico mais barato no Brasil, hoje, é o Jac E-JS1, que custa a partir de R$ 164,9 mil e os mais carros superam R$ 1,2 milhão.

O professor adquiriu um carro usado, modelo híbrido Mitsubishi, fabricado no Japão, que custou R$ 100 mil e tem autonomia de 20 quilômetros com uma carga de bateria. Ele também investiu R$ 20 mil em usina solar em casa. Assim, abastece o carro à noite, percorre o trajeto de 18 quilômetros até a universidade, abastece novamente na usina solar da instituição e retorna com essa recarga. Paga apenas uma taxa de conexão com a Celesc com tributo, que supera R$ 30.

Outro que não tem conta de combustível no mês, nem conta de luz da residência e paga apenas uma taxa para a distribuidora de energia é o empresário Diogo Seixas, que atua no setor de elétricos. Ele é sócio da NeoCharge, empresa que instala estações de carregamento de veículos.

Empresário Digo Seixas (E) e o professor Erwin Teichmann, que não gasta com combustível
Digo Seixas (E) e Erwin Teichmann, que não gasta com combustíveis

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O empresário conta que se livrou dessas despesas mensais ao investir R$ 50 mil há quatro anos numa usina solar em casa com capacidade para atende toda a demanda de família de quatro pessoas. Além disso, adquiriu um veículo 100% elétrico, um BMW i3 usado, por R$ 150 mil.

Pelas estimativas dele, o gasto total de energia da família, hoje, se a conta viesse da empresa de energia, ficaria em R$ 6 mil ou mais por mês. Isso porque o carro é muito usado, o que daria perto de R$ 4 mil em combustível. E o consumo de energia da residência poderia superar R$ 2 mil porque, como é de graça, muitos equipamentos elétricos ficam ligados.

Entre as vantagens desse sistema estão o fato de não gerar poluição, barulho e de a residência ter maior valor de mercado por ter usina solar. Em SC, ainda é possível fazer recarga gratuita em vários locais porque os ofertantes desses equipamentos não definiram preço. O motorista paga o estacionamento e abastece de graça.

E para o mercado brasileiro ter veículos elétricos mais baratos, a pesquisa do IFSC em parceria com a Celesc, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial (Embrapii) e outras visa criar um mercado de conversão de carro a combustão para elétrico. O custo, hoje, pode variar de R$ 60 mil a R$ 100 mil para essa mudança.

O projeto do IFSC é voltado a frotas do setor público. De acordo com o professor Adriano Bresolin, coordenador da pesquisa, é grande a demanda por essa solução. Somente os Correios informaram que gostariam de colocar kits elétricos em mais de 6 mil veículos no país. O professor informa que essa etapa deverá ser feita por empresa privada para atender tanto ao setor público quanto o mercado em geral.

Alta procura por carros novos

Apesar do preço nas alturas porque a maioria dos veículos é de alto padrão e importada, parte dos consumidores de maior renda de Santa Catarina está optando por carros elétricos. Alguns milionários importam Tesla, mas o mais comum é comprar o automóvel em concessionárias locais.

Sistema manezinho transforma Fusca em carro elétrico

O Fiat 500, principal elétrico da montadora italiana no mundo, surpreendeu em SC. Chegou ao Brasil no final de outubro de 2021, vendeu até agora 28 unidades em São Paulo e, em segundo lugar no país ficou SC, com 22 unidades, informa o executivo de marketing da Prima Fiat, da Capital, André Goedert.

O veículo tem autonomia de 460 quilômetros com uma carregada de bateria. Considerando a gasolina, é como se fizesse 60 quilômetros por litro. O custo do carro ao consumidor é a partir de R$ 256 mil.

Também chamou a atenção em SC a elevada procura pelo SUV da Volvo, a XC 40 totalmente elétrico. A empresa acabou oferecendo só a versão elétrica que teve fila de reserva de 100 unidades ano passado, informa o executivo Matheus Ressler Maia, coordenador de eletrificação do Grupo Dimas, revendedor da marca. O veículo tem autonomia para 400 quilômetros e custa ao consumidor R$ 409 mil. O Grupo também lançou uma empresa para instalar eletropostos, a WeCharge. 

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