O tradicional “anda e para” característico do trânsito das grandes cidades brasileiras é um incômodo para todos, mas para quem não tem como fugir, uma boa opção é fazer do limão uma limonada e otimizá-lo. Para um carro híbrido, frear e retomar várias vezes por trecho significa redução no consumo de combustível, já que as baterias desses modelos recarregam toda vez que o carro perde velocidade.

Quem apostou nessa característica foi a Toyota, que trouxe ao mercado brasileiro uma versão híbrida flex do carro mais vendido no mundo. E deu certo! O plano era que o Corolla híbrido correspondesse a 20% do mix de vendas, mas ele surpreendeu e conquistou 35% dos clientes.

O Corolla Altis Hybrid custa R$ 137.890,00, o mesmo valor cobrado pela versão topo de linha com motor aspirado flex, de 177 cv de potência e 21,4 kgfm de torque. A versão híbrida é equipada como um motor 1.8 flex de 101 cv e 14,5 kgfm, que é combinado com um propulsor elétrico de 72 cv e 16,6 kgfm de torque. A Toyota não divulga a potência quando os dois motores estão em ação, mas estima-se que seja de 150 cv.

Se a versão aspirada entrega mais performance, a grande vantagem da híbrida é o consumo. Segundo os dados divulgados pelo Inmetro, o Corolla híbrido faz 16,3 quilômetros com um litro de gasolina na cidade e 14,5 na estrada. Diferente do que acontece com veículos puramente à combustão, os híbridos são mais econômicos na cidade justamente por causa do entediante “anda e para”, já que a bateria é recarregada e, assim, o carro consegue usar mais o motor elétrico. O modelo da Toyota pode andar até 60 km/h utilizando apenas o motor elétrico, o que aumenta a economia. Com esse conjunto, é possível rodar, em trecho urbano, até mil quilômetros com um tanque.

Em Salvador (BA) fizemos 13,1 km/l com litro com o carro abastecido com etanol. Melhor que a previsão do Inmetro, que é percorrer 10,9 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada com esse combustível.


A expectativa era que a versão híbrida representasse 20% das vendas, mas já corresponde a 35%


Uma imagem animada na central multimídia mostra, em tempo real, o fluxo de energia do veículo


Para ter interior bicolor, teto solar, ar-condicionado dual zone, entre outros equipamentos, é preciso desembolsar mais R$ 7.500

A configuração com motor aspirado, por sua vez, percorre 11,6 km/l na cidade e 13,9 km/l com gasolina. Os dados mostram que para quem usa o carro majoritariamente na cidade, o modelo híbrido pode ser um grande aliado. Mas se você pega a estrada constantemente, nem tanto… Isso porque os estimados 150 cv de potência combinada são suficientes para mover o Corolla Hybrid no trânsito urbano, mas pode faltar fôlego nas ultrapassagens estrada afora, principalmente, se a bateria acabar e você ficar com os modestos 101 cv de potência e 14,5 kgfm de torque do motor a combustão. Ambos são equipados com o já conhecido câmbio CVT da Toyota.

Quem dirige o Toyota Hybrid logo entende o seu funcionamento e aprende truques para o combustível render mais. Isso porque há uma imagem animada na central multimídia que mostra, em tempo real, o fluxo de energia do veículo. Ou seja, você acompanha quando a bateria está sendo regenerada, quando o veículo está usando apenas o motor elétrico, os dois ou somente o propulsor a combustão. É possível entender, por exemplo, que no modo de condução “Power”, que deixa o carro mais esperto, o consumo de energia da bateria é alto e também há maior exigência do motor flex.

Além do “Power”, há o modo “Eco”, focado em economia de combustível, e o modo “EV”, quando só o motor elétrico é utilizado.

Recheio


O sistema híbrido é realmente o grande diferencial do Corolla frente aos seus concorrentes, que fizeram uma outra aposta quando o assunto é motor: o turbo. Esses modelos não são tão econômicos quanto um híbrido, mas têm desempenho bem superior ao de um aspirado. Além disso, a grande vantagem está na performance. Na lista de equipamentos, no entanto, o Corolla está bem equilibrado com seus rivais.

O modelo agora é equipado com central multimídia compatível com Android Auto e Apple Car Play, além de aviso de saída de faixa, piloto automático adaptativo e aviso de colisão frontal. Mas também deixa a desejar em alguns pontos. Não há sensor de estacionamento, por exemplo, apesar da câmera de ré, você não ouve nenhum “bip” ao se aproximar de objetos na hora de estacionar.

Outro ponto negativo é que só há iluminação na tecla do vidros elétricos do motorista, para o restante dos passageiros, fica bem difícil abrir e fechar os vidros a noite. Também não há iluminação no botão de destravar as portas, sendo necessário acender a luz para localizá-lo no escuro.

Também nos causou estranheza o fato de não ser possível desligar os faróis, alguns vão considerar um ponto positivo, pois afasta a possibilidade de levar multa em rodovias, mas acreditamos que o motorista deveria ter essa opção. A nossa experiência nesse aspecto não foi tão agradável, em uma sessão de cinema “drive-in”, que você assiste dentro do carro, fomos chamados atenção algumas vezes pela produção por estar com o farol ligado.

No contexto geral, o Corolla Hybrid é uma excelente opção para quem dirige em centros urbanos. Com mecânica confiável, ele ainda tem cinco anos de garantia para o carro como um todo e oito para o sistema híbrido. O custo da manutenção também não assusta, enquanto a soma das três primeiras da versão tradicional sai por R$ 1.532, o pacote com três revisões da opção híbrida fica R$ 1.667. Um empurrãozinho para quem estava na dúvida!
 

Paula Gama é jornalista especializada no mercado automotivo há cinco anos, Nesse período já testou mais de cem modelos de veículos no Brasil e no exterior. É apaixonada por história e tem como hobby visitar museus que contam a trajetória automotiva pelo mundo.

 

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