Projeção de um Audi F1

Foto: Sean Bull Design / Reprodução

O Grupo Volkswagen reúne várias marcas que estão ou estiveram presentes no automobilismo de competição: a própria Volkswagen e também Porsche, Audi, Lamborghini, Bugatti, Seat, Skoda e Bentley. Dessas, apenas Bugatti, Lamborghini e Porsche já estiveram na Fórmula 1. As duas primeiras fracassaram como equipe e como fornecedoras de motores; só a Porsche vingou. Nos últimos anos, porém, até a Bentley e a Lamborghini foram consideradas para a F1.

Sabemos que a Audi e Porsche representaram o Grupo VW nas recentes conversas com a F1 e que tiveram influência na decisão de manter o motor a combustão, porém com combustível ecológico, e com um motor elétrico para manter o sistema híbrido (porém sem tanta complexidade como é atualmente). Mas, por que duas marcas da mesma empresa participariam de um investimento como a  Fórmula 1? Para dividir custos, certamente. Ou uma pode entrar como equipe e outra como fornecedora de motor. Mas, de fato, Audi e Porsche trabalharão juntas.

Costuma-se associar à Audi o sucesso dos carros de corrida da Auto Union na época em que os Grand Prix não tinham um campeonato mundial de pilotos. Mas isso não é totalmente correto. Afinal, a Auto Union era formada pelas marcas alemãs Audi, DKW, Horch e Wanderer, que se uniram para enfrentar a crise econômica mundial do início dos anos 1930. O carro de corrida que fez sucesso sob as bênçãos de Hitler foi uma parceria entre Ferdinand Porsche e a Wanderer. A Audi mesmo só fabricava carros de passeio.

A Porsche, com equipe e motor próprios, disputou apenas 31 corridas (1958 a 1964) e obteve uma vitória. Somente nos anos 80 (1983 a 1987) a Porsche brilhou na Fórmula 1. Em cinco temporadas foram dois títulos mundiais, dois vices e 25 vitórias em 68 corridas, todas elas com a McLaren. Porém, o dinheiro veio da empresa Techniques d’Avant Garde e, por isso, o motor V6 foi rebatizado de TAG Porsche.



McLaren-Porsche MP4/2B.

McLaren-Porsche MP4/2B.

Foto: Divulgação

Mas, como dissemos, existem marcas fora da Alemanha que também são importantes para o Grupo VW. A Bentley, inglesa, parece bem resolvida, mas atua em competições de turismo. O grande problema são a italiana Lamborghini e a francesa Bugatti, que foram ameaçadas de serem vendidas ou fechadas. 

A Lamborghini é a rival número 1 da Ferrari. A empresa nasceu em 1963 porque seu criador, Ferruccio Lamborghini, que era fabricante de tratores, não gostou de uma resposta que recebeu de Enzo Ferrari ao reclamar de um problema na embreagem de seu carro (uma Ferrari). Ferruccio então decidiu fabricar seus próprios carros – e fez coisas incríveis. Um dos engenheiros que ele contratou era Gian Paolo Dallara, que viria a se transformar num dos mais prestigiados fabricantes de chassis de carros de corrida.

Atualmente, a Lamborghini tem forte presença no automobilismo. Desde 2013, a marca criou uma divisão de pesquisa e desenvolvimento de carros de corrida, a Lamborghini Squadra Corse. Quanto à Bugatti, a marca francesa não tem presença atualmente no automobilismo, mas sua tradição nas corridas é muito maior do que a da Lamborghini.

A Bugatti foi criada por Ettore Bugatti, em 1909, e acabou fazendo enorme sucesso nas pistas. A marca conquistou vitórias marcantes. Por exemplo: os três primeiros GPs de Mônaco, disputados em 1929, 1930 e 1931, foram vencidos por carros da Bugatti – os dois primeiros com um Type 35 e o terceiro com um Type 51. Somente em 1932 ela foi derrotada nas ruas do Principado, por Tazio Nuvolari a bordo de um Alfa Romeo. A Bugatti voltou a ganhar em 1933. Alguns pilotos daquela época, como Chiron e Veyron, dão nome aos super carros da Bugatti.

Tanto a Lamborghini quanto a Bugatti já participaram da F1 moderna. A Bugatti participou do GP da França de 1956, mas não era a mesma dos anos 30. O carro pilotado por Maurice Trintignant largou em 18º lugar e abandonou depois de 18 voltas. A Lamborghini fez várias tentativas. Como equipe, foi um fiasco na temporada de 1991. Mesmo com o ótimo piloto Nicola Larini e Eric van de Poele, só conseguiu se classificar em seis das 16 corridas daquele ano. O melhor resultado foi um 7º lugar de Larini em Phoenix (EUA). 

Como fornecedora de motores, a Lamborghini fez cinco temporadas: 1990 (Lola), 1991 (Lola e Lotus), 1992 (Lamborghini e Ligier), 1992 (Minardi e Venturi) e 1993 (Larousse). Em 90 GPs, conseguiu um belo pódio no GP do Japão de 1990, com Aguri Suzuki (Lola), na dobradinha de Nelson Piquet e Roberto Moreno pela Benetton Ford-Cosworth.

Uma coisa é certa: das marcas do Grupo VW, a única que não tem a menor chance de participar da Fórmula 1 é a própria Volkswagen. Recentemente, a empresa até fechou seu departamento de competições, transferindo o pessoal para a área de desenvolvimento de carros elétricos. Quando voltar às corridas, a Volks deve escolher alguma  categoria de turismo, que tem mais a “cara” da marca.

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