Os automóveis não são perfumes. Não são vinhos. Não são ramos de flores nem bolos acabados de sair do forno. Não os associamos, por essa razão, a aromas agradáveis. Muito menos a ar tão puro que apetece inspirar em golfadas vigorosas. Mas será que podemos? Devemos. Sobretudo no caso do novo I-Pace, o primeiro Jaguar completamente elétrico.

Confuso? Não fique. Apure, isso sim, o seu olfato — sentido único de uma via que nos leva, para começar, ao sopé da Serra de Sintra, ponto inicial do roteiro ilustrativo desta associação inédita entre um automóvel e os aromas da região.

Antes, porém, apresentemos o nosso protagonista. Jaguar é a marca, I-Pace é o modelo. Em 2019 conquistou uma vitória tripla histórica nos World Car Awards: Carro do Ano, Design do Ano e Carro Ecológico do Ano. A versão de 2021, revista, promete elevar ainda mais a fasquia: o recarregamento da bateria ficou mais rápido, o sistema de infotainment Pivi Pro foi totalmente renovado e há mais e melhor tecnologia ao dispor do condutor. Mantêm-se os trunfos ao nível da performance: 4,8 seg dos 0 aos 100 km/h — fruto de um motor com 400 cavalos de potência — e até 470 km de autonomia.

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Feitas as apresentações, comecemos então a nossa viagem pelo centro da vila, com os olhos no topo da serra, para apreciar a partir do tejadilho panorâmico em vidro. Aqui, o cheiro dominante é o das queijadas e travesseiros acabados de sair do forno. Irresistíveis, não são?

Estacionando facilmente o I-Pace com o auxílio da nova câmara traseira 3D, é possível subir a pé até ao Castelo dos Mouros e ao Palácio da Pena em trilhos marcados pelo meio da floresta. Novamente, tempo para sentir aromas. Neste caso, os da riquíssima flora, com largas centenas de espécies endémicas, cujo crescimento é estimulado pelo famoso microclima local. Por entre pinheiros, ciprestes e acácias chegamos ao topo da muralha, respiramos fundo e deixamo-nos a apreciar a vista.

De seguida, retomamos viagem em direção ao mar. Guiados pelo cheiro a maresia, chegamos rapidamente a Colares, vila que conserva a beleza sobejamente descrita por alguns dos maiores escritores da língua portuguesa, casos de Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco ou Alexandre Herculano. Apesar das estradas estreitas e empedradas, no interior do Jaguar I-Pace o conforto é absoluto, graças à Tração Integral e ao Sistema Dinâmico Adaptativo que analisa constantemente a aceleração, direção, utilização dos pedais do acelerador e travão e ajusta os amortecedores com controlo eletrónico para otimizar as configurações da suspensão.

Tempo agora para apanhar a belíssima EN375 rumo ao Palácio de Monserrate. Ultrapassamos curvas e contracurvas com uma facilidade estonteante graças à maneabilidade do I-Pace até chegar ao sonho que Francis Cook, riquíssimo industrial e comerciante inglês do século XIX, decidiu concretizar com a ajuda do arquiteto James Knowles Jr. E se o Palácio impressiona pela sua arquitetura eclética e arrojada que mistura uma miríade de estilos, o respetivo Parque é de uma exuberância ímpar, com jardins que reúnem espécies vindas de paragens tão distantes como o México, a Austrália ou o Japão. E é o cheiro dessas plantas que nos transporta numa viagem transatlântica sensorial.

De volta à mesma estrada, de novo rumo a Sintra, a última paragem é na Quinta da Regaleira, onde o dinheiro de António Augusto Carvalho Monteiro, conhecido como o Monteiro dos Milhões, e o génio do arquiteto italiano Luigi Manini combinaram para criar um dos locais mais fascinantes do país, que conjuga um edifício em estilo neo-manuelino, cheio de detalhes para descobrir, com jardins frondosos onde pontificam palmeiras, tílias, camélias, entre outros, grutas, lagos e um famosíssimo poço iniciático cujo desenho arrojado, em espiral, é quase hipnotizante. Mais uma vez, o aroma que ali se encontra é único, viciante, complexo.

De volta ao volante do Jaguar I-Pace, desvendemos o mistério: porquê falar tanto em aroma, fragrância, cheiro? Porque são automóveis como este, obras-primas que unem o design à tecnologia e a performance à não emissão de gases poluentes que nos permitem e permitirão continuar a usufruir de todos os cheiros que a natureza tem para nos oferecer. Portanto, aproveitemos.



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