A Toyota, quem diria, vem se destacando nos últimos meses por causa dos preços. Mas não preços muito altos, ou mais altos que o da concorrência. A marca está se tornando a montadora dos carros híbridos “baratos”.

As aspas na palavra baratos são importantes. Não dá para dizer que um carro de R$ 125 mil é barato. Por outro lado, carro caro ou barato é questão de referência. É sempre preciso comparar o automóvel com a concorrência – modelos de mesmo segmento.

E, tanto com a nova geração do Corolla quanto com o RAV4, a Toyota surpreendeu pelos preços abaixo dos esperados para carros híbridos. No caso do sedã, cuja nova geração chega ao mercado na próxima quinta-feira (12), a versão que combina propulsor a gasolina com elétrico custa R$ 125 mil.

Não é um valor acessível à maioria da população. Porém, é totalmente adequado ao segmento em que atua. E por que isso é um mérito?

Porque, historicamente, carros híbridos são bem mais caros que seus equivalentes apenas a combustão. Ou até mesmo que opções a combustão bem mais equipadas.

Um exemplo simples desse fenômeno é o Ford Fusion. A versão SEL Ecoboost custa R$ 150 mil e a Titanium, R$ 180 mil. A híbrida custa R$ 183 mil.

O preço hoje é até mais próximo, mas essa diferença já foi um abismo, o que pode indicar que a estratégia da Toyota já indica uma redução no preço de carros híbridos no mercado. Na Volvo, as versões T8, híbridas, são sempre bem mais caras que as opções apenas a combustão (T4, T5 e T6).

Quando não há base de comparação, os híbridos também se mostram mais caros. Um exemplo está na própria Toyota, que vende o hatch médio Prius a quase R$ 130 mil. O Cruze, outro modelo oferecido no segmento, custa R$ 30 mil a menos.

 

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Carros híbridos da Toyota

A grande surpresa em relação ao Corolla híbrido é o fato de ele ter o mesmo preço da versão topo de linha a combustão. A diferença? Traz alguns itens a menos, como banco elétrico para o motorista e teto solar.

No entanto, o modelo híbrido já sai de fábrica com diversos itens importantes, como central multimídia e um amplo pacote de segurança – inclui leitor de faixas, por exemplo.

Mas não é nem na comparação com o Altis só a combustão que o Corolla híbrido se destaca. Versão topo de linha do sedã, a Altis Hybrid tem preço R$ 10 mil mais baixo que a mais cara do Civic, a Touring.

É claro que muitos vão dizer que, no caso do Civic, estamos falando de um modelo com motor turbo de 173 cv. Mas não é essa a discussão aqui.

 

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Alguns anos atrás, isso não importaria: por estar no rol dos carros híbridos, o Corolla Altis Hybrid custaria bem mais que o Civic Touring – independentemente da potência do motor. Agora, isso está mudando.

No caso do RAV4, só há versões híbridas. Porém, diferentemente do que ocorre com o Prius, ele tem valor equivalente (e, em alguns casos, até mais baixo) aos dos concorrentes de mesmo nível.

No comparativo publicado recentemente no Jornal do Carro, o RAV4 mostrou ter preço melhor que o Compass a diesel. Para ter o mesmo nível de equipamentos do Toyota, o Jeep fica com preço superior.

O novo RAV4 parte de R$ 171.850. É a mesma faixa da versão de topo do Tiguan, do CR-V e, como vimos acima, até mesmo do Compass mais caro.

Na prática

O que essa realidade que a Toyota coloca no mercado significa na prática? Algo muito importante. Antes, quem comprava carros híbridos era aquele cliente que é entusiasta da inovação. Ele não se importa em pagar mais para ter uma tecnologia exclusiva.

Assim, por mais que os carros híbridos tenham um apelo racional, pelo baixo consumo e níveis de emissão menores, acaba sendo, no Brasil, uma compra emocional.

Isso agora começa a mudar. Tendo o Altis Hybrid o mesmo preço do Altis a combustão, o consumidor não precisa se apegar mais ao apelo inovação. Sem ter de pagar mais, ele pode simplesmente optar por ter o carro mais econômico e ecologicamente correto.

 

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Assim, a Toyota já estima que o Corolla híbrido represente metade das vendas da versão Altis e cerca de 25% em toda a gama. E estamos falando do Corolla, um carro cujos clientes não se importam tanto assim com o fator inovação.

Tanto que, por anos e anos, ele ficou atrás da concorrência no tema tecnologia. Ainda assim, continuou vendendo muito mais que seus rivais.

Agora, basta esperar a chegada do Kicks híbrido. Como a Nissan tem uma boa política de preços, ele pode levar a tecnologia a ainda mais clientes. Um movimento que começa a inserir o Brasil no contexto da propulsão mais sustentável. Mesmo tendo o etanol, estamos extremamente atrasados em relação ao mundo nesse importante capítulo da indústria automobilística.

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